Arquivos de Categoria: Notícia da Semana

‘Vitorioso’, diz brasileiro com down medalhista em mundial de taekwondo

Lutador com Down

Dez anos de prática nos tatames de Caxias do Sul, na Serra do Rio Grande do Sul, garantiram a segurança que o atleta Matheus Rocha precisava para ir além das quatro paredes do centro de treinamento. Após vencer o Campeonato Nacional de Taekwondo, em 2015, o jovem tornou-se o primeiro brasileiro com Síndrome de Down a competir no Mundial.

Voltou dos Estados Unidos com duas medalhas na mala – uma de prata e outra de bronze – e com a vontade de se tornar um competidor ainda melhor. “Era meu sonho. Agora estou muito feliz, muito vitorioso”, vibra Matheus.

As conquistas do gaúcho também são comemoradas pela família, que sempre o incentivou a praticar o esporte pelos inúmeros benefícios que oferece.

“Como ele quer ser respeitado, e o respeito é uma das coisas trabalhadas pelo taekwondo, ele consegue hoje também entender que, para ser respeitado, ele também tem que respeitar”, observa a mãe Tânia Rocha.

A percepção de Tânia é a mesma do professor de Matheus, que notou as mudanças no comportamento do aluno com o passar do tempo. “No início, ele se frustrava muito com as coisas que ele não conseguia aprender e hoje eu consigo perceber que ele consegue ter uma concentração maior para continuar treinando e aprender”, analisa Tadeu Drago.

Desafio pela frente
O atleta comemora a vitória e já mira o próximo desafio. No mês de setembro, Matheus vai estar no Pan-Americano 2016, que ocorre no Uruguai e vale vaga para o próximo mundial. “Eu prefiro continuar treinando e competindo para ficar ainda melhor”, almeja.

Para isso, ele está passando por uma preparação física direcionada à competição e contando com a torcida da família. “O que nós sempre falamos para o Matheus é que ele vai para fazer o melhor que ele pode fazer. Se as medalhas vierem, ótimo. Se as medalhas não vierem, ele foi e fez o melhor que ele poderia fazer e para nós isso é o bastante”, finaliza a mãe, com orgulho.

Ele é o primeiro tetraplégico do Brasil que voltará a andar após tratamento inovador

TETRAPLEGICO

O engenheiro Bruno Medeiros, de 32 anos, passou oito anos em uma cadeira de rodas. O mineiro de Santa Rita do Sapucaí ficou tetraplégico após sofrer um grave acidente de carro que afetou a sexta vértebra da coluna vertebral.

Medeiros nunca perdeu a esperança de um dia voltar a andar e, graças a um tratamento inovador desenvolvido na França, esse dia chegou. “Foi muito emocionante, foi uma sensação única para mim, amigos, família e todos que acompanham a minha luta”, diz ele.

O tratamento consiste na implantação de um neurotransmissor que envia sinais elétricos leves através de eletrodos. O aparelho foi criado para auxiliar cadeirantes na recuperação do controle da bexiga e do intestino, mas, em alguns casos, existe a expectativa de que ele ajude as pessoas a recuperarem o movimento das pernas.

A reação de Medeiros ao tratamento surpreendeu os especialistas. Um dia após a cirurgia, ele já conseguia mover as pernas. A técnica, avaliada em 600 mil reais, foi trazida para o Brasil pelo médico Nucélio Ramos, da Escola Paulista de Medicina.

Por ser novo, o tratamento ainda não é oferecido pelo SUS nem por nenhum plano de saúde. Medeiros precisou entrar na Justiça para obrigar seu plano de saúde a arcar com os custos. Ele segue fazendo progressos com as sessões de fisioterapia.

“É um resultado fora do comum e, por isso, as sessões de fisioterapia estão extremamente pesadas nessa fase de recuperação. Queremos forçar o aparelho e me fazer ganhar condicionamento e força muscular para conquistar minha independência. É assustador a velocidade com que as coisas estão acontecendo”, conclui Medeiros.

 

FONTE: http://razoesparaacreditar.com/saude/ele-e-o-primeiro-tetraplegico-do-brasil-que-voltara-a-andar-apos-tratamento-inovador/

‘Fico com pena e levo pra casa’: o guarda de SP que acolhe usuários de crack e moradores de rua

GUARDA

Com as mãos trêmulas, cobertor nos ombros e o olhar perdido, centenas de pessoas se aglomeram num quadrilátero de ruas estreitas no centro de São Paulo na busca incessante por uma pedra de crack. De uma farda azul marinho, cassetete e revólver na cintura, o guarda municipal Marcos de Moraes, de 51 anos, observa a multidão na cracolândia durante sua patrulha.

À distância, ele analisa o comportamento dos usuários de drogas que frequentam o local. Moraes se aproxima de alguns e oferece apoio para aqueles que mais o comovem. “Você aceita ajuda? Eu não estou brincando. Se você confiar em mim, eu posso te tirar das ruas”, diz o guarda com firmeza na voz e olhar acolhedor, enquanto segura a mão de seu interlocutor.

Em oito anos na Guarda Civil Metropolitana (GCM), Moraes já encaminhou para abrigos, levou de volta para os braços da família e até para morar dentro de sua própria casa cerca de 50 usuários de crack e moradores de rua.

“Levo para casa mesmo. Sei que é um número pequeno, mas não me importo com quantidade, e sim com a qualidade. Quando pego um caso, vou até o fim”, disse em entrevista à BBC Brasil.

O Facebook é uma das principais ferramentas que Moraes usa para encontrar as famílias dos moradores de rua.

Mas os compartilhamentos na rede também o levaram a conhecer sua mulher, Karyne Santana Xavier de Moraes, 29. “Eu sempre compartilhava as postagens dele e a gente começou a conversar. Nos encontramos, namoramos dois anos e casamos”, contou ela.

Hoje, Moraes vive em uma casa alugada em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo) com a mulher Karyne e o pedreiro Geraldo Martins, de 63 anos, que foi resgatado quando morava nas ruas de São Bernardo do Campo, também na Grande SP.

O guarda levou o desconhecido para dentro de sua casa em fevereiro depois de ver um alerta no Facebook para o caso dele – o senhor que saíra de Pernambuco em busca de um emprego e estava morando na rua.

“Ele trabalha em São Paulo e a esposa dele fica sozinha. Não sei como ele teve coragem de me trazer. Ele confia demais em mim. É amizade demais nós, parece que ele é meu filho”, disse Geraldo com lágrima nos olhos. Até mesmo os dois gatos e o cão de estimação do guarda civil foram adotados da rua.

 

Leia o depoimento de Marcos de Moraes à BBC Brasil:
Eu nasci em Mogi das Cruzes (Grande SP), onde moro até hoje. Tive uma infância muito boa, embora eu tenha perdido meu pai com seis anos. Um pai faz falta, mas consegui me adaptar muito bem com meu padrastro.

Todo menino quer ser herói e na minha infância os meninos sonhavam em ser jogador de futebol. Eu também, mas eu jogava muito mal. Então, eu me direcionei para ser policial e sempre queria ser o mocinho nas brincadeiras de polícia e bandido.

Vendi ferro-velho e, em 1990, comecei a vender cachorro-quente na porta da Universidade Mogi das Cruzes. Foi quando comecei a me aproximar de moradores de rua.

No fim da noite, sempre chegavam um ou dois pedindo um lanche e, claro, eu dava. E aproveitava para perguntar o motivo de estarem na rua. Cada um tinha uma história e ali começou a despertar a minha atenção para o lado dessas pessoas excluídas da sociedade.

Alguns diziam até que o prefeito os transportavam para uma área afastada e eles só chegavam novamente à noite no centro da cidade.

Depois de 12 anos vendendo lanches, passei a vender cerveja e, em 2008, eu fiz concurso e entrei na Guarda Civil Metropolitana (GCM). Foi lá que me realizei profissionalmente.

 

25 anos na rua
Na GCM, tive a oportunidade de me aproximar das pessoas em situação de rua para tentar ajudá-las da forma que eu pudesse.

Em oito anos na GCM, eu já encaminhei cerca de 50 moradores de rua para clínicas de reabilitação ou de volta para suas famílias. Até hoje eu tenho contato com alguns deles e até ligo para saber como estão.

Eu sempre converso com a família do senhor Claudiocir, que era viciado em crack e morou 25 anos na rua. Quando o conheci, perguntei se ele deixaria as drogas se eu encontrasse sua família, que morava em Poções, na Bahia.
Disseram que a senhora até deixou o café no fogo e deu pulos de alegria quando soube notícias do filho.

O reencontro foi maravilhoso. A TV Record se interessou pelo caso, levou o rapaz para uma clínica de reabilitação e depois pagou a passagem de volta.

Pedreiro de Olinda
Alguém encontrou o seu Geraldo na rodoviária de São Bernardo do Campo, na Grande SP, e publicaram a foto dele no Facebook dizendo que ele quer voltar para casa, mas ninguém o ajudava.

Eu e minha esposa fomos lá para ajudá-lo. Fizemos uma selfie na frente com uma brincadeira para ver o que faria. Ele brincou com a gente falando que estávamos fazendo uma foto dele. Em seguida, disse que não tinha problema.

Perguntei se ele queria mudar de vida porque eu estava disposto a ajudá-lo. Ele falou que queria porque aquilo não era vida.

Ele veio de Pernambuco com a promessa de um trabalho, mas não conseguiu e foi para a rua. Isso acontece com a maior parte das pessoas que moram na rua.

O Geraldo tinha um pequeno problema com álcool porque hoje é praticamente impossível alguém estar na rua e não ser usuário, no mínimo, de bebida alcoólica por conta do frio.

Eu então o chamei para ir embora comigo. Perguntei se ele não era pedreiro e disse que também tinha um serviço na minha casa que ele poderia fazer e ainda encontraria mais trabalho para ele.

Ele nem parou para pensar na resposta. Se despediu dos amigos, entrou no meu carro e a gente foi embora.

Ele dorme em um cômodo no fundo da minha casa e me ajuda em uma obra. O seu Geraldo já faz parte da minha família. A comida que ele almoça é a mesma que a nossa, toma café da manhã com a gente, passeia, viaja. Ele está bem feliz.

O Geraldo tem 52 anos e é muito respeitoso. Eu saio de casa e deixo ele sozinho com a minha mulher, mas nunca tive nenhum tipo de problema.

Ele até nos mostrou na internet a casa onde ele mora em Pernambuco, onde os filhos e a mulher estão. A intenção dele agora é guardar um dinheiro através do trabalho e visitar a família em outubro.

Mas ele não quer morar lá. Ele quer passear e voltar para São Paulo. Ele diz que aqui é o lugar onde ele se sente feliz. Ele colocou uma arcada dentária nova, comprou roupas. O único mal dele hoje é o cigarro, mas ele prometeu que vai parar.

‘Está com dó? Leva para casa’
Eu já ouvi muita gente dizer: “Está com dó, leva para casa”. Esses são os primeiros a apontar, a dizer que eles estão ali [na rua] porque querem.

Não é assim. Os moradores de rua merecem no mínimo serem ouvidos, merecem atenção.
Isso é antigo. Tem uma passagem na bíblia com o homem caído que é ignorado pelas pessoas que poderiam ajudá-lo. Mas um passa e vê para ajudá-lo. Esse sou eu. Se tiver no meu alcance, vou ajudar na hora.

E tem muita gente assim. Tem gente que não aguenta só ver, mas também ajuda. Se eu puder dividir um prato de comida eu divido.

Com o seu Geraldo não foi diferente. Ele se propôs a mudar de vida e está comigo até hoje. Levei para casa mesmo.

Fim da vida em casa
Eu encontrei o Felipe Furlán, de 23 anos, na porta de um mercado na avenida Ipiranga, no centro de São Paulo. Me aproximei e perguntei se ele queria voltar para casa.

Ele respondeu que sim e que sua família era de Piracicaba (a 160 km da capital). Lancei uma campanha no Facebook e os compartilhamentos chegaram até o irmão dele, que viu e me procurou. A família já tinha até feito um boletim de ocorrência por desaparecimento.

No dia do reencontro, paguei um banho para o Felipe numa pensão e fui na [rua] 25 [de Março] e comprar umas roupas para ele. Quando a mãe dele chegou, até passou direto porque não o reconheceu porque ela tinha como base as fotos que eu havia passado, dele com roupas sujas, barbudo e cabeludo.

Quando eles se encontraram, foi só alegria. Essa é a melhor parte da história. Nada pagar ver um filho voltar para casa nos braços da mãe, do irmão e de um primo.

O Felipe voltou para casa com eles e, passados dois anos, infelizmente ele sofreu um acidente veio a faceler. Mas a minha parte nessa história de vida é que ele passou os dois últimos anos de vida ao lado da família. E isso não tem preço.”

O dilema
Em 2008, me aproximei de um senhor na praça Buenos Aires, em Higienópolis, no centro de São Paulo. Era o senhor Antônio, que falou: “A coisa que eu mais queria era rever meu filho, que hoje deve ter 25 anos. Eu não o vejo desde os 3 anos, quando briguei com minha mulher e saí de casa.”

Achei o nome do filho dele numa lista de concurso público e descobri que ele trabalhava como carcereiro. Consegui o telefone dele em um boletim de ocorrência e liguei empolgado para dizer que tinha achado seu pai.

Ele atendeu o telefone e respondeu, exaltado, que seu pai estava em casa e que eu estava louco. Pedi desculpas e disse que me enganei.

Eu tinha certeza que aquele era o filho do Antônio, mas preferi tomar essa decisão para não estragar a família. A mãe dele deve ter encontrado outro homem e disse que era o pai dele, quando ainda tinha 3 anos. E nessa área, eu não posso entrar.

Voltei e disse para o Antônio que não encontrei o filho dele.

Ampliação
Eu dependo da ajuda de muita gente para fazer esse trabalho social porque ninguém faz nada sozinho. E eu preciso de muita gente para me ajudar. Não financeiramente. Quando há gastos, são meus.

A primeira coisa que a pessoa precisa é se alimentar, mas isso é o de menos. Se a pessoa precisa de uma passagem, eu que pago, comprar roupa, eu compro. O que tiver que fazer eu faço com o maior prazer, nunca me faltou nada.

Algumas pessoas já quiseram me ajudar com passagens. É sempre bem-vindo, mas eu quero profissionalizar isso, talvez criando uma ONG.

O meu comandante na GCM, Gilson de Meneses, me dá todo o apoio necessário dentro da corporação. Se eu precisar de carro, tenho à disposição. Isso é muito importante.
Quando eu preciso fazer uma busca, o computador da guarda está à minha disposição também. Mas eu também faço isso em casa como uma extensão desse trabalho social. Esse é o meu dom.

FONTE: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/07/fico-com-pena-e-levo-pra-casa-o-guarda-em-sp-que-acolhe-usuarios-de-crack-e-moradores-de-rua.html?utm_source=facebook&utm_medium=share-bar-desktop&utm_campaign=share-bar

 

Com doações, presos de Pelotas constroem casas para cães de rua

Casinha de cachorro

Apenados do Presídio Regional de Pelotas, no Sul do Rio Grande do Sul, têm construído casinhas de cachorro para os animais que vivem em praças e nas ruas da cidade. A fabricação é feita por presos que atuam na oficina de marcenaria. A cada três dias trabalhados, eles têm um dia de pena abatido.

Com o frio mais rigoroso das últimas semanas os trabalhos foram intensificados. Conforme a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) mais de seis unidades são entregues semanalmente. A madeira, os pregos e as telhas que são usadas para construir as casinhas foram doadas pela comunidade.

Conforme o diretor do Presídio Regional de Pelotas, Fluvio Bibolz, os pedidos por mais abrigos para os animais tem aumentado a cada dia, e as redes sociais têm sido usadas para pedir mais doações.

Uma das dificuldades encontradas é o transporte das casinhas, apesar do empenho da comunidade em doar.

FONTE: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2016/06/com-doacoes-apenados-de-pelotas-constroem-casas-para-caes-de-rua.html

 

Ex cortador de cana e filho de pedreiro se emociona ao se formar em medicina

MÉDICO

Um dos sete filhos do pedreiro José Lopes, de 63 anos, e da dona de casa Edileusa Maria, de 59, o agora médico Jonas Lopes trabalhou como cortador de cana até os 15 anos. Nascido em Palmares, Mata Sul de Pernambuco, Jonas morou até 2006 em Joaquim Nabuco. Hoje com 30 anos, o futuro cardiologista garante: “o que me move é o conhecimento e ajudar as pessoas”.

Ele é o primeiro da família a ter curso superior, mas acredita que no futuro os irmãos irão seguir o mesmo caminho. “Agora eu só quero ajudar meus pais, dar orgulho a eles e aos meus irmãos e continuar exercendo meu amor pela medicina, distribuir esse amor para os meus pacientes. Também quero estudar, estudar e nunca parar”, afirmou.

Jonas se tornou médico de fato e direito na quarta-feira (29) – dia da colação de grau. Ele disse que não conseguiu segurar a emoção no momento em que foi homenageado pelos colegas.

“Tivemos uma colação antecipada no dia 17 de junho, que foi para pegar o registro do Cremepe [Conselho Regional de Medicina de Pernambuco]. Na solenidade oficial, na hora do discurso da oradora, ela disse: ‘Jonas, levante’. Em seguida, falou um breve histórico da minha vida, me parabenizou e todos os meus colegas me aplaudiram. Não aguentei e chorei demais”, revelou.

 

O médico, que desde de criança ajudava a mãe a cortar cana, trabalhou na zona rural de Joaquim Nabuco dos 12 aos 15 anos. Foi também durante a infância que veio o sonho de cursar medicina. Desde pequeno Jonas gostava de ciências. Devido às dificuldades pelas quais a família passava, pensou em ser professor, porque – para ele – seria mais fácil. “Mas eu ficava admirando o trabalho de médico. Sempre tive a medicina no coração”, falou.

Entre os anos de 1998 e 1999, o médico parou de estudar. Ele disse que esta “parada” nos estudos foi um momento de rebeldia. “Eu recomecei em 2000. Na verdade, eu caí na real. Ver minha mãe trabalhando no engenho, sofrendo… Ela tinha que comprar os meus cadernos e dos meus irmãos ou comida para dentro de casa. Quando eu vi esse sofrimento dela, decidi que jamais iria parar de estudar. O céu não é nem o meu limite. Eu amo estudar”, explicou Jonas.

 

O recém-formado também trabalhou dando aulas de de reforço, em casas de jogos e carregando frete na feira. No ano de 2006 ele fez o vestibular de medicina e passou só na primeira fase.

Em 2007, Jonas começou a se preparar para o vestibular da Universidade de Pernambuco (UPE), que oferecia vagas exclusivas para estudantes de escolas públicas. “Eu conheci o sistema de cotas da instituição e vi que tinha como entrar por ele, já que eu sempre estudei por escola pública. Esse sistema de cotas foi minha esperança”, lembrou o médico.

Aprovação na UPE

 

 

Jonas tentou entrar na universidade por três anos. Em 2006 ele estudou sozinho e não conseguiu a aprovação. No mesmo ano ele juntou o dinheiro do trabalho para ir morar no Recife com a irmã. De 2007 até 2009 – ano no qual foi aprovado – ele cursou pré-vestibular e estudava de dez a 12 horas por dia.

O médico recém-formado conseguiu assistência moradia e alimentação como bolsa da UPE e morou durante seis anos na Casa do Estudante de Pernambuco. “Fui monitor de inglês na casa, ganhei bolsa de iniciação científica e extensão universitária”, disse.

Em 2014 Jonas começou a estagiar em uma unidade de saúde de Joaquim Nabuco. Com o estágio ele ajudava na renda dos pais. “Eu ficava atendendo e passava os casos para o médico plantonista, que é como é regulamentado pelo código de ética médica”, lembrou.

Fonte: http://www.expressomt.com.br/nacional-internacional/ex-cortador-de-cana-e-filho-de-pedreiro-se-emoci-158598.html

 

Ex-morador de rua, jovem de PE faz vaquinha para cursar medicina no Canadá

RUMO AO CANADÁ

Aos 17 anos, Denis José da Silva tem uma história marcada por superar desafios. O primeiro deles foi sobreviver à infância, quando a família vivia nas ruas de Ribeirão (a 88 km do Recife). Denis venceu esse desafio e, no 2º ano do ensino médio, deu um salto largo para o futuro: foi selecionado para estudar medicina na Universidade de Manitoba, no Canadá. Mas para chegar lá ele precisa vencer o desafio que sempre o perseguiu: a falta de dinheiro. Por isso, ele fez uma vaquinha onlinehttp://zip.net/bktnJC (endereço encurtado e seguro)

Denis vive hoje com cinco familiares em uma pequena casa. Aos 75 anos, o pai é aposentado e recebe salário mínimo (R$ 880 atualmente). A mãe, de 50 anos, recebe Bolsa Família e raras vezes faz bico de faxineira. É com essa renda que a família consegue, hoje, pagar um aluguel. “Mas muitas é preciso pedir para não passar fome”, diz o jovem.

Para chegar ao Canadá, Denis pretende arrecadar R$ 8 mil. O prazo final para dar o “ok” e garantir a vaga é setembro. Na corrida contra o tempo, começou uma campanha na cidade, onde já arrecadou R$ 1.000.

Graças à dica de um amigo, ele criou, no domingo (26) uma vaquinha virtual em um site, na qual pretende contar com colaborações de desconhecidos para angariar mais R$ 6 mil e realizar o sonho. “O dinheiro servirá para pagar as passagens, comida durante a viagem, transporte e, se sobrar, alguma roupa de frio. Ainda tenho algumas que comprei quando tava no Canadá e que ganhei de presente das pessoas que ficaram comigo lá. Também recebi doações de roupa aqui”, disse.

O sonho de estudar fora do país começou a ser realizado no ano passado, quando foi selecionado no programa de intercâmbio Ganhe o Mundo, do governo de Pernambuco. Ele foi o único da escola e passou cinco meses (entre setembro de 2015 e início de fevereiro de 2016) na cidade de Killarney, no Canadá, para estudar inglês. As despesas foram custeadas pela Secretaria de Educação do Estado. Foi no país que ele se candidatou a uma vaga na universidade.

“Em janeiro, teve uma feira de universidades na escola. Os estudantes podiam se inscrever em duas, e eu me inscrevi na Brandon University e na Manitoba University. Entrei no site e apliquei o teste online. Daí eles me mandaram um e-mail pedindo boletim, carta de recomendação, etc. Eu passei tudo e, logo depois, eles me mandaram o e-mail de aprovação”, conta o jovem.

O e-mail com a notícia da aprovação chegou dia 15 de junho. Além do curso, ele terá direito a dormitório e alimentação no refeitório da instituição. Para se manter lá, porém, ele pretende trabalhar. “Minha host grandmother [que é a tutora do estudante durante o intercâmbio] é dona de um hotel e um restaurante próximos à universidade. Já falei com ela e posso trabalhar aos fins de semana, basta conseguir um visto de estudo/trabalho”, explicou.

A escolha do curso de medicina veio como um casamento do útil ao agradável, ou melhor, do seu desejo pessoal com a chance de melhorar a vida da sua família. “Sempre fui apaixonado pela medicina, não consigo pensar em outra profissão que me faria mais feliz. Mas dizer que é só por vocação seria mentira. Também penso em dar uma vida melhor para minha família. Não penso muito em mim, penso neles. Não gosto de ver eles sofrendo nessa situação miserável”, contou.

Denis tem 11 irmãos, sendo três somente por parte de pai e oito filhos dos pais. Ele mora numa casa de apenas um quarto com três dos irmãos. Sem um quarto para ele, dorme no sofá. Dois de seus irmãos dormem em colchões no chão. O único que tem direito a cama é o irmão mais novo, de 7 anos, que divide a cama com os pais.

“A gente já viveu debaixo de ponte, em quadras abandonadas. Hoje vivemos de aluguel, mas a situação da casa, dos móveis, não é boa, mas é melhor que a rua”, lembra.

Denis está cursando o terceiro ano do ensino médio na escola pública Padre Américo Novais. Sempre com boas notas, ele se destaca em biologia. Mas para poder cursar medicina no Canadá, a partir do final de setembro, ele terá de se esforçar ainda mais e tirar notas excelentes em todas as disciplinas — já que terá de ter a média seis para ser aprovado antecipadamente.

“Se eu tirar 10 no primeiro bimestre, 10 no segundo e 8 no terceiro, fico com média final 7 e passo de ano. Isso em cada matéria. Daí eu não precisaria fazer o 4º bimestre”, explica, citando que já tem um acerto com a escola para a saída mais cedo do ano letivo.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/noticias/2016/06/29/ex-morador-de-rua-jovem-de-pe-faz-vaquinha-para-cursar-medicina-no-canada.htm

A comida que transforma vidas

GASTRONOMIA

Ao cozinhar, transformamos o tomate num molho delicioso. A farinha com ovos, água e sal, em pão quentinho. Mas a mágica da cozinha tem potencial para transformar ainda mais. É o caso da Gastromotiva, uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) brasileira, que empodera jovens, reúne pessoas e contribui para a redução da desigualdade social.

Desde 2004, o chef David Hertz forma jovens de comunidades carentes, imigrantes e presidiários em experts na cozinha. Hoje, já são quase 600 jovens ao ano, em diversas cidades do Brasil. Durante meses, os participantes aprendem tudo sobre o universo gastronômico em cursos de captação, de educação alimentar e nutrição, além de boas práticas e higiene na cozinha.

Nesse período de mais de uma década, o projeto já recebeu a parceria de outros chefs, como Alex Atala e Jamie Oliver, que contratam auxiliares de cozinha formados pela Gastromotiva. “Temos como essência promover a transformação social por meio da gastronomia. E ela faz isso de duas formas: com palestras e eventos e curso de capacitac?a?o para jovens talentos e apoio a microempreendedores”, explicou Ernani Vieira, co-fundador e gestor educacional do projeto, ao site Follow the Colours.

Além de ensinar técnicas para os futuros chefs, compromisso sustentável, cidadania, a importância do trabalho em equipe e noções de empreendedorismo são ensinados para formar jovens mais capacitados e sensíveis.

Fonte: http://asboasnovas.com/gente/a-comida-que-transforma-vidas

A menina que trabalhava em pedreiras, virou desembargadora e hoje luta contra o trabalho infantil

 

 

 

desembargadora“Eu era muito pequena. Não tenho lembrança de algum período da minha infância em que eu não estivesse trabalhando.”

A família de Zuíla era muito pobre. A mãe, analfabeta, criava sozinha os cinco filhos. Estudar exigia força de vontade: a menina estava sempre cansada de acordar de madrugada e, sem luz elétrica em casa, a lamparina cansava ainda mais os olhos. Zuíla pedia às colegas os restos dos cadernos delas e, com as folhas ainda em branco, sua madrinha costurava cadernos para que ela pudesse estudar.

Vendedora de merenda, trabalhadora de pedreira, a menina seguiu arrancando pedras no meio do caminho e se transformou em referência na luta contra o trabalho infantil no Pará e no Brasil.

Foi telefonista, professora de matemática, funcionária do Banco do Brasil, cursou Direito, virou juíza do Trabalho em 1995 e em maio deste ano tomou posse como desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (Pará e Amapá).

Sua dissertação de mestrado, defendida em 2006 na Universidade Federal do Pará e publicada em livro no ano seguinte, analisa as trajetórias de meninas saídas do interior paraense para trabalhar na casa de terceiros em Belém.

São as chamadas “filhas de criação” – um eufemismo para disfarçar o que a desembargadora, na vida, na academia e na prática profissional, constatou ser a exploração sem limites de uma mão de obra jovem e barata.

Em entrevista à BBC Brasil por e-mail e telefone, Zuíla Dutra relembrou sua trajetória e analisou a persistência do trabalho infantil doméstico no Brasil (apesar da queda verificada nos últimos anos).

“Muitas vezes, nas audiências, os empregadores negavam veementemente a relação de trabalho, alegando tratar-se de ‘filha de criação’. Mas as provas demonstravam claramente a existência de autêntico vínculo laboral (relação de trabalho) e, mais ainda, de superexploração de trabalho. Esse tipo de explorador de mão de obra doméstica utiliza a expressão ‘filha de criação’ como substitutivo para ‘trabalho escravo’, ‘trabalho servil’ e outros assemelhados”, afirma ela.

Rotina de exploração

A história de Zuíla passa por um barraco sem luz nem água em Santarém.

“Éramos muito pobres. Minha mãe, Oscarina, criou os cinco filhos sozinha. Analfabeta, não tinha profissão definida, lavava roupa, fazia todo tipo de serviço. Morávamos de favor no fundo do quintal de uma fábrica de beneficiamento de látex, num canto sem água nem luz. Então consentiram que ela fizesse merenda para vender nas fábricas, e eu e meus irmãos vendíamos. Eu me lembro perfeitamente: um levava o tabuleiro com suco, outro os sanduíches”, conta a desembargadora.

“Minha mãe, mesmo analfabeta, teve a sabedoria de não deixar que nenhum dos filhos saísse de perto dela. Um dia, na fábrica, um casal de São Paulo quis me levar para morar com eles. Eles diziam que eu ia estudar, ter tudo. Minha mãe não deixou, dizia que filho tinha que ficar com ela. Era a mesma história de hoje, prometem tudo, mas na verdade vira uma rotina de exploração, com jornadas de 16, 18 horas”, afirma.

Aos 16 anos, Zuíla passou no concurso público para telefonista. Foi professora de matemática e, posteriormente, funcionária do Banco do Brasil.

Embora sonhasse ser juíza do Trabalho, só pôde fazer Direito alguns anos depois, a partir de 1990, quando o curso foi criado em Santarém. Logo depois mudou-se com a família para Belém, onde se formou e se tornou juíza, fazendo do combate ao trabalho infantil uma das missões de sua vida.

A desembargadora integra a Comissão Nacional de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem do Tribunal Superior do Trabalho e coordena idêntico grupo no TRT da 8ª Região. Entre as ações desenvolvidas estão palestras em escolas e uma marcha que reuniu mais de 20 mil pessoas em Belém no ano passado.

Neste ano, o foco é esclarecer jovens e empresários sobre a Lei da Aprendizagem, que estimula a formação profissional e supervisionada, em algumas carreiras, de adolescentes a partir de 14 anos.

Para Zuíla Dutra, uma das dificuldades do combate ao trabalho infantil doméstico é que ele, diferentemente do que ocorre quando se vê uma criança numa pedreira ou carvoaria, não causa indignação no grosso da sociedade. Pelo contrário: acontece dentro das casas de família e é culturalmente aceito como um ato de solidariedade ou uma chance de ascensão social.

A rotina da trabalhadora doméstica infantil é outra, alerta: o mais comum é que a garota se afaste da família, abandone a escola ou pouco possa estudar, e ainda seja cotidianamente submetida a jornadas longas, sem folga semanal e com salário abaixo do mínimo legal – além de enfrentar riscos que vão desde acidentes domésticos, como ser queimada por uma panela de água quente, até o assédio sexual dos patrões.

“A cantilena dos empregadores para atrair a presa é sempre a mesma, no sentido de que vão tratar a menina como ‘filha’, oferecendo-lhe estudo e a oportunidade para mudar de vida. O que se observa, em regra geral, é que os filhos das pessoas que exploram o trabalho infantil doméstico frequentam escola particular de excelente qualidade e dispõem de tempo para brincadeiras com outras crianças, tratamento que as meninas empregadas jamais recebem. Até mesmo a frequência à escola pública é dificultada ou negada, diante da extensa e penosa jornada de trabalho”, afirma.

A desembargadora destaca outros problemas, como a falta de maturidade de uma menina ou adolescente para cuidar de outras crianças, e a retirada da garota do convívio familiar. Apesar disso, ainda é comum que famílias pobres, por necessidade, mandem suas filhas para morar e trabalhar como agregadas em outras casas.

“De irmã ou filha, ela passa à condição de serviçal, empregada, babá ou agregada. Para esses pais ou mães, tal doação representa libertar sua filha da necessidade, pois imaginam que ela terá escola, comida, teto, roupa, calçados e lazer garantidos. Pensam estar oferecendo a chance de um futuro diferente do seu. As meninas que são entregues por seus pais para serem criadas como ‘filhas’ na verdade não passam de mão de obra explorada de forma desumana, salvo raríssimas exceções.”

Zuíla Dutra sabe que ela própria é uma exceção. Em sua trajetória, destaca seguidamente o papel da mãe, Oscarina, que nunca cedeu a quem quisesse levar sua prole como “filhos de criação”. Os cinco filhos estudaram e só duas, por decisão pessoal, não concluíram o curso superior.

“Já adulta, eu ensinei minha mãe a escrever o nome. Minha mãe está viva, tem 85 anos, e foi à minha posse como desembargadora. É minha heroína”, orgulha-se.

Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-36432846

 

Orlando reage ao ódio e passa mensagem de paz: corrente do bem

Ato-orlando-close-1

Quase 20 mil pessoas surpreenderam a imprensa mundial nesta terça-feira, 14, com uma homenagem aos mortos no ataque a tiros ocorrido na boate gay Pulse, em Orlando, na Flórida, nos Estados Unidos, no fim de semana.

Com velas nas mãos e entoando “You’re not alone” (você não está sozinho), a multidão lotou a praça em frente ao memorial do ‘Dr Phillips Performing Arts Center’.

O ato simbólico foi marcado por uma onda de positividade. Diversas pessoas pediram a paz mundial e o fim de ataques de ódio contra qualquer pessoa.

Corrente do Bem

Moradores da Flórida, estado americano onde ocorreu a tragédia, continuam se dirigindo para Orlando para ajudar voluntariamente no apoio às famílias dos envolvidos no ataque.

Nas proximidades da boate, voluntários cozinham para os policiais.

A ação impulsionou os supermercados da região, que decidiram doar toda a carne e gelo que fossem necessárias para as refeições, segundo o voluntário Walter Toole.

Fundações e clínicas de saúde passaram também a promover a coleta de sague para diminuir as longas filas nos Centros de doação da cidade.

Quem permanece nas filas está recebendo água, guarda-chuva e protetor solar, tudo doado e entregue por voluntários que fazem uma espécie de itinerário entre os locais.

Empresas que cuidam de animais também decidiram ajudar se voluntariando para cuidar dos bichos de estimação das vítimas e dos sobreviventes ao ataque.

A imobiliária Deluca Vacation Homes está oferecendo hospedagem gratuita para familiares das vítimas e dos feridos que estiverem se dirigindo a Orlando.

“Queremos mostrar que Orlando é forte. Não vamos nos esconder de medo desses crimes de ódio. Vamos superar tudo isso juntos”, alerta Camila Souza, Gerente da imobiliária.

Fundo de ajuda

Desde que ocorreu a tragédia na madrugada de domingo o site ‘GoFundMe’ já atingiu a marca de quase U$ 3 milhões – mais de R$ 10 milhões – em doações para custear despesas das vítimas e feridos.

A cidade de Orlando também inaugurou um fundo de doações específicas para dar suporte à tragédia. Até agora foram arrecadados U$ 100 mil, mais de R$ 360 mil.

Fonte: http://www.sonoticiaboa.com.br/2016/06/14/orlando-reage-ao-odio-e-passa-mensagem-de-paz-ao-mundo-corrente-do-bem/

Aluna de escola pública representa o Brasil em Olimpíada de Neurociência

lorrayne-isidoro-goncalves-de-17-anos-16-olimpiada-internacional-de-neurociencia-1464099302702_300x420

Que exemplo! Uma aluna de escola pública, filha de camelô e moradora de favela, vai representar o Brasil na 16ª Olimpíada Internacional de Neurociência (2016 Brain Bee World Championship).

A disputa será de 30 de junho a 4 de julho em Copenhague, na Dinamarca.

Lorraine Isidoro Gonçalves, de 17 anos, é moradora da Favela da Camarista, no Méier, subúrbio do Rio de Janeiro.

Ela superou outros 13 concorrentes na final do torneio da 4ª Olimpíada Brasileira de Neurociências (Brazilian Brain Bee).

Para vencer a competição, Lorrayne teve de responder 100 questões em provas de neuroanatomia, neurohistologia, neurofisiologia e neurociências clínicas.

“Está uma correria agora. Tenho que me preocupar com passaporte, buscar mais livros para estudar e organizar meu tempo para me sair bem na olimpíada, sem esquecer da escola e do Enem. Mas eu estou muito feliz. Faço isso com dedicação e alegria”, conta Lorrayne.

A entrevista foi dada ao UOL na barraca de camelô do pai, nas proximidades da estação de trem do Engenho Novo, na zona norte do Rio.

Lorraine estuda no Colégio Pedro II, instituição de ensino federal.

Durante o preparo para a olimpíada internacional, a garota que já fala inglês e francês também começou a estudar dinamarquês por conta própria. Ela diz que é para poder se comunicar melhor durante a competição.

“Fico feliz de ver a determinação dela. A coisa mais normal do mundo é eu chegar do trabalho, quase meia-noite, e encontrar a Lorrayne estudando. Ela está certa de buscar o objetivo”, conta o pai da jovem, Jorge Cabral Gonçalves, de 61 anos, que estudou até o 2º ano do ensino médio.

Vaquinha

Apesar da vaga garantida no evento internacional, Lorrayne só teve a tranquilidade para continuar estudando após a confirmação de que a escola vai pagar sua passagem e hospedagem, assim como de sua orientadora.

Sem a certeza de que o colégio bancaria as despesas, os próprios organizadores da Olimpíada Brasileira de Neurociências criaram uma vaquinha online para arrecadar dinheiro.

Nos 5 dias de campanha, a estudante conseguiu mais de R$ 56 mil em doações, que vão permitir que ela participe em condição de igualdade com os concorrentes.

Por que neurociência?

O interesse em neurociência surgiu por acaso. Lorraine pensava em se tornar pesquisadora, só que não sabia exatamente qual área escolher.

Ao ver um material de divulgação sobre a competição de neurociência no corredor da escola, decidiu arriscar. A primeira iniciativa foi procurar uma orientadora, requisito para participar da olimpíada. Camila Marra, professora de biologia no colégio, assumiu a missão.

Os estudos começaram com o empréstimo de livros de graduação para Lorrayne ler durante as férias. Quando as aulas voltaram, a estudante já tinha devorado os livros.

Além disso, a adolescente participou de um curso de férias sobre neurociência oferecido pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e se tornou voluntária Museu Itinerante de Neurociência da mesma instituição.

Lorrayne diz que o segredo para aprender rápido foi saber administrar o tempo e usá-lo com disciplina.

“Dá para fazer de tudo. Só que a hora de estudar tem que ser de dedicação. Quando começo a estudar não fico batendo papo no WhatsApp”, afirma.

Futura médica

No fim do ano, Lorrayne vai fazer prova do Enem e disputar uma vaga para o curso de medicina, na UFRJ. Caso ela passe, será a primeira pessoa na família a frequentar a faculdade.

Fonte: http://www.sonoticiaboa.com.br/2016/05/30/aluna-de-favela-representa-brasil-em-olimpiada-de-neurociencia/