Desvendando as máscaras
Irmãos queridos, paremos nesta semana para refletir sobre nossas atitudes, sobre a forma como nos apresentamos diante do outro, se somos verdadeiros e transparecemos aquilo que temos em essência. Estamos nos referindo às “máscaras”, às diversas “roupagens” que grande parcela da humanidade se utiliza, para se moldar às diferentes situações, circunstâncias e pessoas.
Para iniciarmos essa reflexão, convidamos todos a responderem às seguintes perguntas para si mesmos: Será que meu comportamento é sempre o mesmo, independentemente do local em que eu esteja ou das pessoas que estão à minha volta? Será que eu mudo a forma como sou quando estou diante das pessoas que convivem comigo em meu lar, e com aquelas que convivo com não tanta intimidade? Se eu ajo de forma diferente, em que situações eu sou realmente “EU”? Com minha família ou com os outros? Pergunte-se agora: Por que motivos eu mudo minha forma de ser? A quem estou tentando enganar ou convencer? Por que não posso ser simplesmente quem realmente sou?
Esses são questionamentos que na maioria das vezes não paramos para refletir. Nos modificamos a todo instante, construindo e reconstruindo máscaras, vestindo e despindo personagens que, por alguns momentos, nos representam, até que não nos sirvam mais. Há poucas semanas vibramos a respeito da hipocrisia, e hoje a retomamos como parte de nossa reflexão: modificarmo-nos de acordo com as circunstâncias, representando ser alguém que não somos em essência, não seria também uma forma de hipocrisia?
Grande parte da sociedade apropria-se dessa maneira de conviver com os demais, sem se aperceber da realidade e das construções de si mesmo que realiza diariamente. Suas personalidades são formadas, e desde jovens, aprendem que para se inserirem na sociedade, precisam antes serem aceitos. Porém, para que sejam aceitos, precisam se adaptar, se moldar a estereótipos e padrões pré-definidos, a enquadrarem-se e comportarem-se de acordo com o que a grande maioria acredita ser o correto. Para tanto, necessitam mascarar o seu lado negativo, e exaltar suas potencialidades e habilidades, assim como, abandonam seus interesses mais pessoais e suas crenças, por estes não estarem de acordo com o que a sociedade exige.
Estas construções levam o indivíduo a afastar-se da sua natureza e do que realmente é. As referências são provindas do lado externo, e a essência é esquecida. Com o passar dos anos, essa pessoa torna-se vazia, não reconhece mais quem é de verdade, afasta-se dos seus compromissos e deveres mais íntimos, dos seus sonhos e realizações para a conquista da felicidade interna. Camadas são sobrepostas, com ideias preconcebidas, obrigações, deveres, crenças, formando um indivíduo cada vez mais distante do seu “eu interior”, onde a falta de conhecimento sobre si mesmo prevalece.
A necessidade de se libertar dia após dia das máscaras que construímos, é obrigação de todo aquele que deseja sua ascese espiritual. Para tal, é preciso coragem de seguir em uma busca constante de reconhecimento e de reencontro consigo mesmo. Neste exercício de autoconhecimento, de retirar as máscaras e expor a sua verdadeira face, descobre-se o que há em seu íntimo, permitindo identificar seus próprios padrões de vida, estabelecer novas escolhas, sonhos e projetos.
Na sociedade em que vivemos, ainda necessitamos agir com os códigos de cada ambiente em que frequentamos, mas aqui, falamos sobre a essência de cada um. Analisemos nossas atitudes em cada ambiente, e se precisamos melhorar, que melhoremos de fato. É preciso, que em primeiro lugar, o indivíduo aceite a sua identidade verdadeira, que considere suas falhas da mesma forma que o faz em suas virtudes. Quando se aceita como realmente é, e parte desse conhecimento para se aprimorar e cuidar de si, o homem passa a se amar, a se respeitar. Seguindo estes passos, ele estará pronto para desvendar suas máscaras diante dos outros, sem medo de reprovações, apontamentos ou exclusões. Estará livre para fazer suas escolhas e ser quem realmente é em essência, e não para viver esperando a aceitação dos demais.
Vibremos então, para que cada dia mais os homens libertem-se das amarras de uma sociedade guiada pela hipocrisia, pela falta de valores, pela ilusão e pela manipulação daqueles que não reconhecem em si a força da mudança. E para os homens que se encobrem com máscaras de virtudes (bondade, caridade, compaixão, tolerância, etc.), mesmo ainda não as possuindo verdadeiramente, senão na aparência, que possam com elas aprender e se influenciar. O caminho para a mudança é longo, mas basta que despertemos e reconhecemos NOSSAS falhas, para que as portas do autoconhecimento se abram diante de nós e alcancemos a tão almejada maturidade!
Paz e luz a todos!