Compreensão das dores alheias
Convidamos nossos amados irmãos de caminhada para que nessa semana vibremos e meditemos acerca do envolvimento do homem quando este se depara com a dor e o sofrimento de alguém que lhe é caro. Propomos que avaliemos o modo como interagimos e/ou interferimos na vida daqueles que nos são próximos e que estão passando por algum momento difícil, em que a dor (sendo ela física ou emocional) é uma constante.
Temos a consciência de que a Lei de Causa e Efeito rege o desenvolvimento de todos os seres, e consiste em que para cada ação efetuada, haverá uma reação de igual intensidade. Esta lei explica o desenvolvimento da dor, que simplesmente é gerada no homem devido ao seu imaturo estágio moral, devido aos seus atos e sentimentos degradantes, acumulados nas diversas encarnações do espírito, e que por ora cobram o seu preço, até que o indivíduo esteja livre de impurezas e com o seu corpo espiritual equilibrado.
Compreendendo o motivo pelo qual o homem deve passar por momentos difíceis, onde a dor impera, para que possa no futuro se reerguer e expurgar todas as toxinas por ele geradas, é que aquele que com ele convive, que o ama e que com ele se preocupa, deve aprender a auxiliá-lo de forma que não o prejudique nem o atrase em busca da sua ascese espiritual. Uma breve história nos demonstra claramente este ensinamento:
“Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo, um homem sentou e observou a borboleta por várias horas conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco. Até que em um determinado momento pareceu que ela não conseguia mais fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia e não conseguiria ir além. Então o homem decidiu ajudar a borboleta, ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente, porém seu corpo estava murcho, era pequeno e tinha as asas amassadas. O homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto da sua vida rastejando com um corpo murcho e com as asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar.”
Esta simples história exemplifica o quanto uma atitude nossa, muitas vezes ingênua e com a pretensão imatura de querer realizar o bem, acaba por prejudicar e atrasar o desenvolvimento de um irmão que amamos e que no momento passa por alguma dificuldade. O homem da história, com toda sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia que a borboleta precisava passar por aquele processo de crescimento para que, quando estivesse pronta, pudesse se libertar do casulo para conhecer as belezas da criação de Deus. Assim como este homem, muitos de nós cortamos o casulo antes da borboleta estar pronta, antes do nosso semelhante estar livre do problema que ele mesmo gerou, e interrompemos assim um aprendizado, uma oportunidade que lhe foi dada.
Privar alguém de confrontar-se com as dificuldades ou tirar-lhe as condições de vivenciar uma situação de dor e de sofrimento é um ato que pode levar este indivíduo a uma estagnação no seu desenvolvimento e um conseqüente prejuízo em seu caminho na busca da superação de si mesmo. Como exemplo podemos citar o comum caso de pais que, com a desculpa de amar e não querer que seu filho sofra, isentam-lhe de passar por determinada situação, e assim, acabam por tolher o desenvolvimento do filho, tornando-o imaturo e dependente da ajuda dos pais. Caso contrário, se os pais deixassem seu filho passar pela difícil situação, lhe dando o suporte correto, ele aprenderia a lição que estava intrínseca ao sofrimento, cresceria e tornar-se-ia uma pessoa mais responsável e consciente de seus atos.
Desta forma, entendemos que precisamos de maturidade, sabedoria e fé para que possamos nos doar da melhor maneira no auxílio aos nossos semelhantes. Para que possamos ser úteis na caminhada de nossos irmãos, devemos nos encontrar em equilíbrio, conhecer o nosso íntimo, pois somente assim saberemos como lidar com as dores do próximo. A busca do autoconhecimento permite uma maior compreensão não somente de nós mesmos, como também de um maior entendimento do que ocorre com nossos semelhantes. Passamos a ser mais tolerantes e despertamos em nós a mais nobre das virtudes, a caridade.
Assim, conseguimos compreender que já passamos por situações semelhantes, se não na vida presente, possivelmente em oportunidades anteriores. Com essa visão aprendemos a respeitar o momento que cada irmão está passando, permitindo que ele se desenvolva e cresça a partir dos seus problemas e provações, sem tentar impedi-lo ou isentá-lo da dor. Da mesma forma, adquirimos a sabedoria de encontrar o melhor momento e oportunidade de interferir e auxiliá-lo, com exemplos, palavras e motivações, assim como o momento certo de deixá-lo seguir seu caminho, mesmo que aos tropeços, até que um dia encontre o caminho da libertação das dores e da iluminação de Nosso Pai Maior.
Não nos esqueçamos de que toda e qualquer forma de dor pela qual o homem passa, há sempre uma grande mensagem e uma abençoada oportunidade, tanto para o indivíduo que a sofre, quanto para todos aqueles que o cercam, e que de alguma forma, devem aprender igualmente. Porém, cabe a cada um de nós aprendermos a decodificar o significado da dor e do sofrimento, para que com ela possamos evoluir. Portanto, aproveite e valorize cada obstáculo, cada provação que tenha que passar, e acima de tudo, confie na Providência Divina, pois Nosso Amado Pai e Seus Anjos de misericordiosa luz estarão sempre conosco!
Paz e Luz a todos!