A consciência sobrepuja a violência
Irmãos queridos, nessa semana convidamos a todos para que nos concentremos em um tema triste, porém de grande espaço e impacto em nossa sociedade, e que parece estar cada vez mais presente, a violência. A palavra violência exprime todo pensamento, palavras ou ações, que exteriorize um sentimento contrário à lei do amor e da caridade. A prática da violência está vinculada aos primeiros estágios de desenvolvimento do espírito imperfeito, que ainda sem consciência do amor, age impulsivamente, apoiado pelos vícios que sua alma carrega, ignorando as leis da sabedoria divina. A lei de Ação e Reação, por exemplo, nos permite compreender que todo o mal que cometermos terá de ser, um dia, por nós expiado.
Recebemos em nossas casas diariamente, através da exposição da mídia, uma enxurrada de notícias e reportagens que descrevem atos de extrema violência praticados pelo ser humano, o que nos faz pensar, e até mesmo pode nos tornar descrentes de que um dia nos encontraremos em um mundo onde a paz e o amor imperarão.
Quando nos remetemos ao passado, percebemos que a violência sempre teve um amplo espaço de atuação entre os homens. Muitos relatos da história nos apontam a insensibilidade e ignorância de seres que ainda encontravam-se distantes da prática do amor e do entendimento das Leis do Pai.
Precisamos compreender que por mais atrozes que tenham sido essas ações, tanto as que ocorrem hoje, como as que a história nos revela, elas se configuram em um processo natural da evolução da humanidade, no nível de amadurecimento e crescimento espirituais, e condizem com o estágio em que nos encontrávamos, e que ainda nos encontramos, na Terra. Antes de condenarmos ou julgarmos o irmão que hoje age com insensibilidade, devemos realizar um exame de consciência, pois não sabemos se em nosso íntimo estão guardados, em estado latente, os mesmos graus de violência que condenamos, esperando um momento propicio para despertar.
Cada gesto de agressividade, de perversidade, de desumanidade, origina-se da criatura que ainda não aprendeu a amar, onde a insensibilidade e a aspereza de sua psique indicam o grau em que este ser se encontra no seu processo evolutivo espiritual.
Estas ações caracterizam a imperfeição dos sentimentos desse ser, aliadas também à ignorância das leis naturais e dos seus mecanismos, originando atos contrários a essas mesmas leis, ou seja, atos de violência.
No entanto, a ignorância dos homens perante a atuação dos mecanismos de Deus, não os exime da culpa ou da responsabilidade sobre seus atos, pois sabemos que as Leis Divinas estão inscritas na consciência de todos os seres, o que os permite discernir sobre o bem e o mal.
A Alta Espiritualidade nos esclarece sobre a evolução do homem, através de “O Livro dos Espíritos” (terceira parte, capítulo VI): “A humanidade progride. Esses homens, em que o instinto do mal domina e que se acham deslocados entre pessoas de bem, desaparecerão gradualmente, como o mau grão se separa do bom, quando este é joeirado. Mas, desaparecerão para renascer sob outros invólucros. Como então terão mais experiência, compreenderão melhor o bem e o mal. Tens disso um exemplo nas plantas e nos animais que o homem há conseguido aperfeiçoar, desenvolvendo neles qualidades novas. Pois bem, só ao cabo de muitas gerações o desenvolvimento se torna completo. É a imagem das diversas existências do homem.”
Com esta citação, podemos compreender que no homem encontramos todas as faculdades para nele se desenvolver o bem. Em essência, somos todos unos com a Perfeição Divina que habita em nós, fomos criados à imagem e semelhança de Deus.
Esse conhecimento nos leva a crer que todo ato que corresponde a uma violência é somente fruto de uma atitude viciada do homem perante sua real natureza espiritual. O homem não é mau em essência, o que ocorre é que o seu “eu” interior está viciado na prática do mal, devido a sua ignorância e distanciamento da prática do bem.
Para que o homem se liberte do ciclo vicioso, é preciso que amplie sua consciência, interiorizando as mudanças que deve realizar, e que seus atos são equivocados e não condizem com atitudes sensíveis e humanas. Esse processo de conscientização e de aprendizagem permite que o homem, gradativamente, abandone seus gestos bárbaros e trabalhe na construção do seu aprimoramento moral. Durante nossa caminhada, maculamos nossa “túnica nupcial” através de nossos atos anti-crísticos, e somente com o desejo franco de mudança e de retorno à pureza, poderemos nos eximir dos débitos e nos libertar dos vícios enraizados e cultuados por séculos.
Que com nossa sincera e amorosa vibração, possamos emanar ao nosso planeta energias de cura para todos os focos enfermiços de nossa sociedade, que cada irmão que ainda vive na prática do mal, do desregramento, da violência em si, possa acordar desse ciclo e sinta o amor penetrar seu coração enrijecido pelas vicissitudes. Que estes irmãos possam sentir também nossos fluidos de perdão, pois compreendemos os motivos de suas atitudes doentias, e se hoje nessa posição nos encontramos, é porque de uma forma ou de outra, estamos na luta para vencer essas mesmas dificuldades.
Que possamos todos interiorizar, neste momento, mais um dos sublimes ensinamentos do Mestre Jesus, que quando se encontrava em meio a um dos maiores aos de violência da humanidade, a Sua crucificação, disse com amor e misericórdia ao Criador: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”.
Paz e luz a todos!