Harmonizando o Conviver
Quando iniciamos o caminho do despertar, o mundo ao nosso redor e a forma como o enxergamos começa a mudar. Entendemos que o equilíbrio que tanto almejamos não é conquistado de fora para dentro, que não dependem das pessoas e das situações que nos cercam para nos mantermos em paz. Interiorizamos que somente encontraremos o equilíbrio a partir de nós mesmos, melhorando-nos a cada dia e a cada nova situação que se apresentar em nossa caminhada.
Por vezes, nos depararemos com pessoas que de alguma forma ferirão nossos sentimentos ou que então agirão de acordo com o entendimento e grau de amadurecimento delas, dos quais não concordaremos. Essas pessoas estão presentes em nosso dia-a-dia, na família, no trabalho e nos relacionamentos mais próximos ao nosso.
É realizando a reforma íntima que encontraremos a melhor forma de lidar com esses irmãos que tanto estimamos. Necessitamos mudar nosso olhar referente a essas situações que nos descontentam, e passar a enxergar essas pessoas de uma nova maneira. Inicialmente, precisamos aceitá-los como são, sem cairmos na ilusão de que um dia conseguiremos mudá-los, pois sabemos que a mudança depende unicamente de cada ser, mesmo que nos esforcemos, nada acontecerá se a pessoa assim não o desejar.
Quando nos dispomos ao aprimoramento moral e espiritual, entendemos que em primeira instância precisamos “amar ao nosso próximo assim como amamos a nós mesmos”, o que nos leva ao segundo passo, a compreensão. Precisamos compreender esses irmãos, seus motivos em agir de determinada forma, e só conseguiremos isso quando nos colocarmos no lugar deles, buscando em seu íntimo as suas verdades e razões. Agindo assim passaremos a entendê-los e a vê-los por uma nova perspectiva, o que nos ajudará a enfrentar as difíceis situações com maior zelo e principalmente com um maior desapego das nossas verdades relativas e do ponto de vista pessoal.
Alterando a forma como enfrentamos nossas divergências com esses queridos irmãos, que nos são difíceis por hora, passamos a ver claramente que eles são peças importantes para o nosso crescimento e desenvolvimento espiritual. Sendo assim, quando finalmente passamos a compreender que esses irmãos de caminhada são um meio de conquistar nossa ascensão espiritual, passamos a nutrir por eles o sublime sentimento de gratidão. Gratidão sim, pois é com eles que tanto aprendemos, e sem eles muitas lições não nos seriam passadas. São eles que nos fazem desenvolver a prática da paciência, da ausência do orgulho, do desprendimento, do perdão, da compaixão, entre tantos outros sentimentos que nos elevam moralmente.
“O solo sulcado pela enxada bem acionada agradece ao lavrador que o feriu, reverdecendo, transformado e estuante de vida. Mesmo a erva má que medra no caminho no lugar também agradece, coroando-se de flores na quadra primaveril.” (Divaldo Franco – Psicologia da Gratidão)
É dessa forma, compreendendo nossos semelhantes e enxergando-os como irmãos que necessitam de nosso auxílio, e de que devemos sê-los gratos por tornarem-se uma ferramenta de aprendizado em nossas vidas, é que nos aproximaremos um pouco mais de nosso Pai maior e descortinaremos mais um dos tantos véus que nos cegam e nos impedem de ver a luz.
Paz e luz a todos!