096 – Pergunta (17/10/2011): Roger, muito pouco se fala e quase nada se sabe sobre a meditação (contemplação) aqui na filosofia do Ocidente, ao contrário da do Oriente. O “não-agir” permanente, praticado por muitos orientais, sem dúvida não é uma atitude ideal para a Nova Era. Em contrapartida, o “falso-agir” praticado pela grande maioria dos ocidentais é muito mais reprovável. Como você vê a prática da meditação no horizonte da nova era que se aproxima? A meditação poderia ajudar na atual transição que estamos passando? Ao passo que o estudo de obras crísticas ajudam a “saber”, a meditação não ajudaria as pessoas a “Ser aquilo que se sabe”? Não haveria um avanço espiritual muito maior nas pessoas se elas aliassem a caridade com a meditação do que naquelas que só praticam a primeira?
Roger: Sim. A tua colocação é muito interessante. E talvez aí esteja o foco principal para realmente o homem se desenvolver espiritualmente de forma integral. O mestre Ramatís, na segunda metade do século passado, através de seu médium Hercílio Maes, trabalhou em seus livros sobre a importância de unirmos os conceitos espirituais do Ocidente e do Oriente, dando o “pontapé inicial” para o trabalho que realizamos hoje através da difusão do projeto Universalismo Crístico na Terra.
O cenário atual no mundo ocidental, em geral, realmente é o do “falso agir”, como colocaste sabiamente em tua pergunta. Seguimos as religiões, as mais diversas, mas não existe uma reflexão sobre seus ensinamentos e qual é o objetivo de nossa existência no mundo material. Tudo é muito superficial; haja vista o mecanicismo imposto pela vida humana. O homem ocidental tem medo de meditar. Vive escravo de sua rotina. Quando chega em casa do trabalho e não encontra ninguém em casa, rapidamente liga a televisão, temendo ter que realizar um “diálogo consigo mesmo”.
São raros aqueles que realizam o saudável ato de meditar sobre sua caminhada espiritual e depois ainda buscar colocar em prática o que aprendeu na teoria, exercitando “seu espírito” para adquirir praticamente as virtudes que devemos agregar às nossas almas para nos tornarmos pessoas melhores. “Conhece-te a ti mesmo”, já diziam os sábios filósofos gregos.
Meditar e não agir é o “não-agir”; não meditar, e agir sem consciência real do objetivo dessa ação é o “falso-agir”. Muitos espiritualistas praticam a caridade, mas sem real sintonia com ela. Em alguns casos, realizam a caridade apenas para obterem méritos espirituais com o objetivo de escaparem de ter de expiar os seus desvios de comportamento nas zonas de trevas do mundo espiritual, após seu desencarne, como foi bem descrito no livro/filme “Nosso Lar”.
A mudança interna necessita de prática diária; da mesma forma que necessitamos de exercícios rotineiros para que nosso organismo físico tenha saúde e bem estar. Como falei na semana passada, fiz uma cirurgia no joelho e agora estou realizando fisioterapia para que o movimento da perna seja plenamente recuperado. Da mesma forma ocorre com nossas almas. Se nos afastarmos do exercício saudável de “meditar” para obtermos a consciência crística para “praticar” sinceramente ações voltadas para o Bem e para a Verdade, nossa alma se atrofiará ou, pior, se acostumará ao “movimento inverso”, ou seja, se acostumará a viver na sintonia negativa, reclamando de tudo e de todos e seguindo pelo caminho mais fácil, que é o de atender somente os desejos de seu próprio ego, desligando-se de sua relação com o mundo e vivendo apenas para seus interesses. No plano espiritual, consciências que vivem nessa sintonia, tomam a forma de ovoides, perdendo sua forma perispiritual e vivendo em um mundo íntimo de ódio, rancor e inconformidade, perdendo a conexão com Deus e os bons espíritos por longos períodos.
Não meditar e filosofar sobre quem somos, de onde viemos, e qual nosso objetivo na vida, é alienar-se, ou seja, morrer em espírito. Dessa forma passamos a ser máquinas de carne alienadas que apenas aguardam o momento de desencarnar e voltar para a pátria espiritual em débito, necessitando resgatar todo o tempo perdido. Meditar e não colocar em prática é aprender, mas, infelizmente, não viver. Somente realizando as duas coisas, cresceremos espiritualmente e alcançaremos a tão sonhada felicidade eterna. O Universalismo Crístico em essência é exatamente isso. Aprender com a filosofia espiritual ensinada pelos grandes mestres de todas as religiões, e, sinceramente, colocá-las em prática, libertando-se da alienação espiritual vigente no mundo nos dias atuais.
Jesus nos disse: “Conhece a verdade e ela vos libertará”, “não olhe o cisco no olho de teu irmão; veja a trave que encontra-se no seu” e diversos outros “antídotos antialienantes”… cabe a nós abrirmos nossos olhos e percebermos esses ensinamentos e colocá-los em prática.