060 – Pergunta (07/02/2011): Caro Roger, também parabenizo o leitor pela bela visão crística apresentada na questão 55. Da mesma forma que ele, eu também li todos os seus livros na ordem em que foram publicados e espero ansioso por novas obras suas em parceria com Hermes, principalmente aquela já prometida da época de Jesus. Eu percebi também em sua obra que a evolução dos espíritos se dá de forma bastante lenta e, desde a época da Atlântida, muitos espíritos estão ainda reencarnando para queimar carmas em busca de sua angelitude. Baseando-me neste fato, fico cada vez mais duvidoso com relação aos trabalhos de desobsessão realizados em Terreiros de Umbanda, Centros Espíritas e Casas Apométricas, nos quais apenas em meia hora de “conversas doutrinantes” se consegue convencer um mago negro ou um espírito de baixa vibração a seguir pelo caminho da luz. Recordando-me dos recorrentes embates sem vencedores com Arnach e Galeato, onde fortíssimas argumentações são confrontadas pelo lado negro e pelo caminho crístico, fico ainda mais cético com relação a estas doutrinações instantâneas, que utiliza normalmente no meu entender uma retórica repetitiva e de baixo poder de convencimento. Onde está havendo exagero e o processo está equivocado? Nas sagas dos espíritos que vêm caminhando por milhares de anos em direção a Luz ou nas seções de desobsessão realizadas até mesmo em uma única reunião de atendimento espiritual?
Roger: Caro leitor, a tua colocação já diz tudo. E isso é algo que acontece comumente nos processos de doutrinação/desobsessão: animismo dos médiuns e sugestionamento dos doutrinadores. Não se converte um mago negro ou um dragão com meia dúzia de palavras… Eles tem muito mais conhecimento que nós. Somente atingindo o seu coração, com verdadeiro sentimento de amor, depois de muito refletirem, é que voltam para a luz. Assim como ocorreu com Arnach, desde o livro “Sob o Signo de Aquário” até sua redenção no “Atlântida – No reino das Trevas” e que esperamos ocorra com Galeato e muitos outros no futuro.
Espíritos com o conhecimento dos magos negros não serão jamais doutrinados através de nossa abordagem limitada. Eles estão no plano astral, com ampla compreensão das coisas, enquanto estamos aqui com a nossa visão limitada a apenas essa existência. O que os faz abandonarem o caminho das trevas é um processo lento e reflexivo, muitas vezes através de “despertamentos inconscientes” que levam anos, décadas ou, até mesmo, séculos. Creio que o nosso exemplo, verdadeiramente sincero, é muito mais efetivo do que qualquer argumentação evangélica. E isso é o que falta muito nos doutrinadores, seja de que segmento for, espíritas, umbandistas, apômetras, evangélicos, católicos, etc…(todos trabalham com esse tipo de atividade mas denominam com outros nomes). O problema não está em nossa “falta de santidade”, mas sim em não reconhecer que somos criaturas ainda imperfeitas. Os magos negros dão risadas dos falsos moralistas, hipócritas e enganadores. No entanto admiram aqueles que reconhecem os seus erros e fraquezas, colocando toda a autoridade moral nas mãos de Jesus e dos mentores espirituais, como tão comumente lemos nas obras de Chico e Divaldo.
Já presenciei diversas doutrinações que mais parecem um teatro. O médium diz sempre as mesmas coisas, seguindo um terrível e metódico animismo, enquanto o doutrinador segue o seu script de “frases de efeito” sem real consideração ou interesse pelo espírito comunicante. É comum o doutrinador estar mais preocupado com o seu ego e a admiração dos presentes do que com o real problema. E, assim, em uma simbiose anímica entre os encarnados, o espírito que está sendo esclarecido retira-se dando risadas, isso ocorre comumente com doutrinação de magos negros ou dragões, que não estão preocupados em serem esclarecidos. Claro que espíritos simples, que necessitam apenas de socorro, absorvem a necessária energia magnética desse processo, e recebem depois um verdadeiro esclarecimento pelos mentores no mundo espiritual. Mas vejam bem, para os espíritos desencarnados, (seja de que natureza forem), o comportamento consciente e solidário dos encarnados, tem importante reflexo em suas almas, convidando-os para uma verdadeira renovação; haja vista a vitória espiritual no mundo físico ser algo realmente admirável para todos.
Um excelente livro, que deveria ser leitura obrigatória de todos os médiuns que trabalham com desobsessão/doutrinação, é o “Diálogo com as Sombras”, do escritor espírita Hermínio de Miranda. O exercício mediúnico é algo que exige muito estudo e principalmente reflexão e desenvolvimento de sensibilidade por parte de médiuns e doutrinadores. Realizar esse processo de forma “automática”, como se todo o atendimento seguisse uma “receita de bolo” é um passo para a falência do processo e, consequentemente, dos médiuns. Cada caso é um universo novo e deve ser tratado como tal. Jamais pré-julguem o espírito comunicante segundo seus princípios preconceituosos. Jesus tratou com amor e carinho prostitutas e cobradores de impostos; e, até hoje, ainda vemos pessoas pré-julgando seus irmãos, emitindo seus “pré-conceitos” do que é certo e do que é errado, segundo seus costumes e hábitos, muitas vezes hipócritas ou absolutamente equivocados. De médiuns assim, o inferno está cheio. A Alta Espiritualidade da Terra precisa de médiuns sinceros, que reconheçam suas fraquezas, e que procuram seguir os ensinamentos de Jesus, principalmente “o ama ao teu próximo como a si mesmo”, independente de quem seja esse próximo. Sabemos que existem vários trabalhadores valorosos também, voltados para o trabalho sincero e verdadeiro. Entretanto, sempre cabe alertar sobre esses desvios tão comuns e rotineiros.