Irmãos de caminhada, convidamos a todos para que nesta semana, período em que nos aproximamos do final de mais um abençoado ano de infinitas reflexões e oportunidades, possamos meditar de maneira mais profunda acerca de nossas limitações e vícios. Utilizemo-nos dos sete pecados, tão difundidos durante um longo período da história do nosso amado planeta Terra, para que possamos nos compreender de maneira mais clara e assumir assim uma maior consciência em busca do autoaperfeiçoamento.
Os sete pecados capitais nada mais são do que uma classificação dos vícios do homem, praticados em demasia ainda por toda a humanidade. Essa é uma classificação muito antiga que precede ao surgimento do cristianismo, mas que durante o período da Idade Média foi difundida pela Igreja Católica a fim de educar seus seguidores, controlando os instintos básicos do ser humano. Por vícios, entendem-se os maus hábitos vividos pelo homem, contrários aos preceitos de amor ao próximo e de amor a si mesmo, trazidos pelas mensagens dos grandes mestres que por aqui passaram.
Propomos a todos conhecer um pouco mais a fundo cada um dos sete vícios, refletindo sobre nossos comportamentos, pensamentos e atitudes, e buscando reverter esses vícios/pecados, em virtudes e sentimentos renovadores e nobres.
Inicialmente pensemos a respeito da Gula, representada pelo desejo insaciável, que está além do que o homem necessita para viver, e que está no imaginário da sociedade relacionado ao exagero na alimentação. Porém, a gula conecta-se diretamente com o egoísmo humano, da sua insatisfação e da vontade de querer sempre mais do que já possui, da dificuldade em se contentar. A virtude contrária a Gula é a Temperança, ou seja, a busca pelo equilíbrio, pela moderação e pelo comedimento. Lembre-se sempre de nosso Senhor está sempre no controle, e que nada nos é dado sem que tenhamos merecimento, assim como nada nos falta sem que seja necessário para nossa evolução. Contente-se com o que lhe foi dado e não permita que a insatisfação, principalmente material, lhe tire da direção correta e lhe faça esquecer do que realmente importa nessa vida.
Como segundo pecado, temos a Avareza, símbolo do apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro. Esse é um dos sentimentos mais presentes em nossa sociedade moderna, levada aos extremos pela divulgação da mídia que incentiva o aumento demasiado ao consumo. O homem atual só pensa no “ter”, e esquece-se do “ser”. A virtude contrária a Avareza é a Generosidade, a bondade em doar, em se desapegar das futilidades e dos bens materiais, tão efêmeros, passageiros.
Já a Luxúria, consiste no desejo passional e egoísta por todo tipo de prazer ligado a matéria, em se deixar dominar pelas paixões mundanas. Em contraponto, a virtude que deve ser enobrecida para a superação da luxúria, é a Castidade, no sentido de se abster do prazer que leva o homem a pensar e ser controlado pelas paixões, pela sedução e pela banalização da sexualidade.
Como quarto pecado/vício, pensemos na Ira, que engloba todo sentimento intenso e descontrolado de raiva, ódio, rancor ou vingança. O homem que alimenta o sentimento de Ira permite que a fúria tome conta do seu ser e acaba não conseguindo controlar suas atitudes e seus pensamentos contra aquele em que acredita ter-lhe feito mal. O irado não percebe que todos os infelizes sentimentos que alimenta, somente alimentam e enegrecem seu próprio coração. Para superar a Ira, pratique a Paciência, saiba compreender o outro, coloque-se em seu lugar, reflita sobre os motivos do outro agir de determinada maneira, mesmo que não concorde. A paciência é uma nobre virtude que nos aproxima da resignação, da tolerância e do amor aos nossos irmãos, não importando eles quem sejam ou o que façam.
Agora, reflita sobre a Inveja, sentimento que envenena o espírito de quem a fomenta. A inveja leva a pessoa a não valorizar e a ignorar as bênçãos que recebe, e acaba por enobrecer e cobiçar o que é conquistado pelo outro. O invejoso nutre um ciúme por tudo aquilo que o outro tem, posses, status, habilidades, conhecimento e até mesmo a elevação moral é um grande motivo de inveja. A virtude, em contraponto, é a Caridade, uma das mais sublimes qualidades que o homem pode adquirir na busca pelo verdadeiro sentido do amor. Nosso maior exemplo, Jesus, nos ensinou que a caridade é a benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e o perdão das ofensas. O amor e a caridade estão intrinsecamente ligados, pois amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem possível, assim como desejaríamos que nos fosse feito, de acordo com as palavras de nosso Irmão Maior: “Amai-vos uns aos outros, como irmãos”.
A Preguiça foi classificada como outro importante vício. Ela gera no homem a inércia, a falta de empenho, o ócio, a ausência de estímulo ao trabalho e a busca por conhecimento, impedindo a sua evolução. Contrária a Preguiça está a Disciplina, a organização e a vontade em se efetivar tarefas, em agir e em entrar em ação. A melhor maneira de se afastar a preguiça é através do trabalho, pois é ele que honra e dignifica o homem, é o que o faz progredir, é o que consola e que o preserva contra as aflições e tristezas. Já o ócio, pelo contrário, torna o homem propenso aos vícios e aos maus pensamentos.
Por fim, pensemos na Soberba, sinônimo do Orgulho e da Vaidade. Em conjunto, tais sentimentos inferiores conduzem o homem para a exclusão, para a falta de amor, para a arrogância, acreditando ser superior e melhor do que os outros seres. O orgulho, ou sentimento de amor-próprio exagerado, é considerado um grande estorvo da elevação espiritual do homem, porquanto não o permite examinar suas fraquezas. Como sinal de reconhecimento do seu orgulho, pense nas vezes em que você discutiu e revidou alguma crítica que recebeu. É natural do homem devolver uma crítica com discussões, pois ainda possuímos uma grande dificuldade em aceitá-las, e não queremos ouvi-las novamente. Nada fere de forma tão profunda o orgulho do que olhar para dentro de si mesmo, e em aceitar nossas limitações e fraquezas. A Humildade é a virtude que contrapõe a Soberba/Orgulho, sendo um dos valores essenciais da Alma, exaltando a modéstia, a simplicidade e a pureza de espírito. O homem verdadeiramente bom procura elevar o inferior aos seus próprios olhos, diminuindo a distância entre ambos, exercendo assim a verdadeira humildade e caridade.
Com o devido esclarecimento, compreendemos que a vivência desses vícios, quando praticados em excesso pelo homem, acabam por formar uma “nuvem” mental, atraindo a influência de espíritos inferiores, ainda muito apegados as baixas vibrações da Terra. Portanto, não permitamos que essas influências e que os nossos vícios controlem nossas vidas, ações e pensamentos. Sejamos mais fortes, para que dia a dia conquistemos um maior domínio sobre nossas fraquezas, transmutando nossos vícios e trabalhando arduamente para desenvolvermos nossas virtudes, pelo caminho do autoconhecimento e sob a luz da ampliação das nossas consciências.
Paz e Luz a todos!