150 – Pergunta (29/10/2012): Um ponto que considero crucial é a comunicação. O estilo de vida atual das pessoas reduziu muito o tempo que passamos juntos de nossas famílias. Cada um tem seu horário e suas tarefas. Creio que isso faz parte de nossa realidade e acho bom sermos úteis e ativos, mas acho que aproveitamos muito mal o pouco tempo que passamos juntos. São nesses momentos que podem surgir boas reflexões e que os adultos podem transmitir valores morais e espirituais às crianças; e, no entanto, é a televisão que dita os rumos das conversações. Assim, continua-se sempre o ciclo da carência emocional e espiritual das crianças. Quais estratégias práticas as famílias poderiam utilizar hoje preencher o tempo de forma mais proveitosa com seus filhos? E como podemos utilizar a tecnologia a nosso favor nessa busca?
Roger: Sim. Para melhor educarmos nossas crianças e adolescentes, precisamos estabelecer formas de comunicação com eles que sejam modernas e descoladas. Uma linguagem que gere empatia é o primeiro passo para nos ouvirem e podermos ensiná-los os bons valores e a importante consciência sobre Espiritualidade. Os pais precisam abrir mão de seus hábitos e visões de mundo arraigados desde sua juventude para entender a forma de pensar das novas gerações, e assim, poderem contribuir com a formação moral deles.
A partir disso, estabelecer diálogos e estudos (como o do Evangelho no Lar) com uma linguagem clara e desprovida de rituais, estimulando nos jovens a leitura de livros de filosofia espiritual, afastando-os por algumas horas da viciante Internet e vídeo games. É bom lembrar que o exemplo de casa é um dos mais importantes formadores do caráter e hábitos das crianças. Pais que não leem, só conversam sobre futilidades e não possuem o hábito de estudar sobre valores humanos e espirituais, estarão naturalmente formando em seus filhos esse mesmo padrão de comportamento. Obrigar os filhos a estudarem, enquanto ficam vendo novela ou futebol, apenas estimula nas crianças e adolescentes a mesma indolência e a não se interessarem pela filosofia espiritual edificante.
Por esse motivo, vemos o cada vez maior distanciamento dos pais e filhos, por não terem sintonia e não dialogarem sobre isso. Filosofia espiritual aproxima a família, constrói uma relação fraterna e de amor. Nossos filhos devem ser nossos parceiros, amigos, irmãos que devemos ajudar a instruir e crescer. Quem mima os seus filhos e lhes permite fazer de tudo, estão fazendo um desserviço a formação moral dessas crianças.
Infelizmente, a realidade é que os filhos se desencaminham porque os próprios pais, em geral, não possuem “conteúdo” para passar aos filhos. Suas mentes estão vazias e dominadas pelo consumismo e pelos ditames superficiais dos instrumentos de comunicação de massa. Creio que Sócrates e os demais grandes filósofos gregos devem sentir-se entristecidos com o atual nível de consciência da humanidade, que pouco faz para conhecer-se e descobrir o sentido da vida. Não se questionam. Apenas aceitam informações de “forma enlatada”, sem refletir sobre eles. Creem apenas nas tragédias e noticias negativas da televisão, sem compreender o “Cristo interno” que vive adormecido dentro de si. E, assim, em vez de “iluminarem” os seus filhos com sabedoria e bons sentimentos, apenas os abandonam a própria sorte, para serem educados pela Internet e programação das televisões, que hipnotiza a todos com um estilo de vida muito aquém do necessário para nosso crescimento em todos os sentidos.
Se desejam filhos felizes e realizados, abandonem a alienação e a ilusão da vida humana, busquem compreender a verdadeira filosofia espiritual e de vida. Assim poderão realizar profundos debates com a família, esclarecendo-os para tornarem-se maduros e, dessa forma, qualificarem-se para viverem existências de sucesso e felicidade. Vejo jovens com 16 ou 18 anos, muito mais maduros que adultos de 40, simplesmente por serem adolescente que leem. Quem lê, torna-se uma pessoa melhor e mais sábia. E naturalmente usará a tecnologia para buscar aquilo que lhe interessa: desenvolvimento e crescimento interior. A Internet não é boa ou má. Ela está a disposição de todos. O que nossas crianças acessam é fruto do seu aprendizado e formação moral, intelectual e espiritual.