147 – Pergunta (08/10/2012): Sabemos que na passagem da vida de Jesus quando ele diz “Deixai vir a mim as criancinhas, pois delas é o Reino dos Céus” ele quis dizer que devemos ter a pureza das crianças para alcançar as esferas divinas de Luz. Mas como conseguir pensar e viver de forma lúdica quando vivemos numa sociedade predominantemente maliciosa, competitiva e que prega valores morais deturpados, seja na mídia, no trabalho, entre amigos e às vezes até mesmo no ambiente familiar? De onde tirar forças para “remar contra a maré”? Como adquirir a pureza das crianças?
Roger: Jesus, nesta sua sábia colocação, desejou fazer-nos ver que para ingressarmos em um estado de consciência espiritual superior, deveríamos nos assemelhar as crianças, no que diz respeito a sua pureza, sinceridade e natural prática dos bons valores. O mestre sempre demonstrou repúdio à hipocrisia da sociedade em que vivia, principalmente no que dizia respeito à religião de seu povo na época, em que “coavam um mosquito, mas engoliam um camelo”.
Porém, devemos ter a pureza das crianças com a maturidade dos sábios. A nossa revolta com o meio é fruto de nossa imaturidade. Esse é o comportamento de “crianças” que devemos extinguir de nossos corações. Evoluir significa manter a pureza e a sinceridade das crianças, mas sem ter atitudes imaturas frente a um mundo que ainda se encontra distanciado da mensagem crística. Devemos lutar pela mudança do mundo, mas com equilíbrio e bom senso, mesmo quando somos levados ao extremo de nossa tolerância. Esta é uma mensagem para todos nós.
E o fato de o mundo ser malicioso, competitivo e pregar valores morais deturpados não deve necessariamente nos afetar. Nós é que permitimos que nos afete, por nossa própria insegurança sobre o ideal de vida que abraçamos. Devemos trabalhar pela mudança do comportamento humano de forma geral, mas nas questões especificas devemos demonstrar a nossa sólida posição espiritual e tolerar a incoerência do mundo ao nosso redor, com respeito e paciência. Por exemplo, lutar contra a intolerância humana, mas ser amoroso, atencioso e procurar educar o individuo intolerante que cruza o nosso caminho.
O exemplo de Chico Xavier nesse sentido é bem interessante. Sempre demonstrou as suas posições a respeito dos temas da vida com convicção, mas reagia com brandura e tolerância às adversidades que se apresentavam. Evitou sempre que pode ataques e atitudes negativas. Na semana passada ele foi eleito “o maior brasileiro de todos os tempos”, por voto popular, demonstrando que a humanidade parece estar alienada, mas frente a um exemplo maravilhoso como o dele, termina por despertar. Por isso creio que a mudança vem mais pelo lado emocional, do que pelo racional. Os leitores esperavam que o livro “Universalismo Crístico Avançado” fosse um tratado teórico e monótono. Mas o que muda o homem são as reflexões que sacodem o seu coração e move o seu mundo íntimo em direção à luz. Por este motivo o livro está sendo tão bem aceito e provocando tantas mudanças e reflexões em quem se presenteou com a sua impressionante leitura.