113 – Pergunta (13/02/2012): No livro “A Gênese”, de Allan Kardec temos o seguinte texto: “Nas curas que ele operava, agia como médium?Pode-se considerá-lo como um poderoso médium curador?Não; porque o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados. Ora, o Cristo não tinha necessidade de assistência, ele que assistia os outros; pois, por si mesmo, em virtude de seu poder pessoal, assim como podem fazê-lo os encarnados em certos casos e na medida de suas forças. Que espírito aliás, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de transmiti-los? Se recebesse um influxo estranho, este não poderia ser senão de Deus; segundo a definição dada por um espírito, ele era médium de Deus.”
Vou respeitar o seu ponto vista, mas reflita se você está enganado ao afirmar que Jesus era médium de Cristo. Ele era, como respondeu sabiamente Simão Pedro, Cristo, o filho do Deus vivo.
Chegando Jesus à região de Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: “Quem os outros dizem que o Filho do homem é?” Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas”.“E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que eu sou?”Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Respondeu Jesus: “Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus. E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus”. Mateus 16:13-19
Roger: Respeito também a tua opinião, porque nessas questões nós transitamos pelo campo das crenças. Não existe comprovação alguma a respeito. Portanto, trata-se da crença de cada um. Além disso, no fundo isso não é importante. O que importa é nos tornarmos pessoas melhores, ou seja, aprendermos e vivenciarmos a mensagem do amor trazida por Cristo-Jesus e, também, pelos demais grandes mestres.
No caso do livro “A Gênese” temos que considerar a limitação das informações que deveriam ser trazidas à compreensão popular da época, do espírito comunicante e, também, a extrema devoção a Jesus por parte dos médiuns comunicantes, que podem naturalmente distorcer a comunicação mediúnica. Já com relação aos Evangelhos, assim como todos os textos religiosos, foram distorcidos conforme a compreensão limitada de quem os escreveu e, em alguns casos, segundo os interesses dos poderosos da época. Não servem de base para comprovação nenhuma.
O Universalismo Crístico entende que a verdade está onde estão o bom senso e a lógica. Se Jesus fosse o Cristo, a sua mensagem, então, teria falhado, já que nem metade do mundo é Cristão. Agora se o Cristo é uma entidade espiritual planetária, Gaia, a alma do planeta, e utilizou-se de vários médiuns para trazer a mensagem do amor crístico a todo planeta, adequando-a a cada cultura, a cada povo, então, a sua missão foi plenamente vitoriosa, pois todas as nações do mundo receberam essa mensagem, possuindo roteiros divinos de evolução espiritual. Sob o enfoque de Jesus e demais avatares sendo médiuns do Cristo, percebemos que a mensagem do amor venceu na Terra. Como costumo afirmar: fatos e crenças são duas coisas diferentes e devemos analisar isso com critério e sem paixões.
Quanto as tuas citações na pergunta, reproduzo, então, a resposta do espírito Ramatís, no livro “O Sublime Peregrino”, no capítulo 5: “Jesus de Nazaré e o Cristo Planetário”, que apresenta uma interpretação diferente das mesmas passagens bíblicas.
RAMATÍS: — É muito significativo o diálogo que ocorre entre Jesus e Simão Pedro e os demais apóstolos, quando ele lhes indaga: “E vós, que dizeis que eu sou?” E Pedro responde-lhe: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Finalmente, depois de certa reflexão, Jesus então mandou seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era Jesus Cristo (Lucas, IX — 20 e 21; Mateus, XVI — 15, 16 e 20). Nesse relato, Jesus admitiu representar outro ser, o Cristo, além de si, e que há muito tempo o inspirava e fora percebido intuitivamente por Simão Pedro. Falando mais tarde às turbas e aos apóstolos, o Mestre Jesus esclarece a sua condição excepcional de medianeiro do Cristo, não deixando qualquer dúvida ao se expressar do seguinte modo: “Mas vós não queirais ser chamado Mestre, porque um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. Nem vos intituleis Mestres; porque um só é o vosso Mestre — o Cristo! (Mateus, XIII — 8 e 10). É evidente que Jesus, falando na primeira pessoa e referindo-se ao Cristo na segunda pessoa, tinha o propósito de destacá-lo completamente de sua própria identidade, porque, em face de sua reconhecida humildade, jamais ele se intitularia um Mestre. Aliás, inúmeras passagens do Novo Testamento fazem referências a Jesus, e o chamam o Cristo (Mateus XXVII — 17 e 22), pressupondo-nos que mais tarde ele chegou a admitir-se como o Cristo, o “Ungido” ou “Enviado”.
E se Jesus não esclareceu melhor o assunto, assim o fez em virtude dos apóstolos não poderem especular sobre a realidade de que ele pudesse ser uma entidade, e o Cristo outra; assim como a falta de cultura, própria da época, não lhes permitia raciocínios tão profundos como a ideia de arcanjo planetário.