O carro fica cerca de 22 horas por dia parado na garagem e é utilizado basicamente para ir e vir do trabalho. O apartamento tem um quarto vazio, usado apenas para guardar objetos que não fazem parte do dia a dia: uma furadeira, ferramentas, violão, prancha de surfe, patins, vestidos de festa e equipamentos de fotografia. Se você não se encaixa nesse cenário, com certeza conhece um monte de gente que vive assim. Mas aí vai a pergunta: faz sentido deixar tudo isso juntando pó?
E se alguém dissesse que você poderia ganhar uma boa grana alugando tudo o que é seu e está ocioso, ajudar vizinhos, conhecer pessoas e ter boas histórias para contar? A esmola não é demais e o santo não precisa desconfiar: o nome disso é economia colaborativa (também conhecida como economia compartilhada), uma forma de usar a tecnologia para fazer negócios entre pessoas, economizar, promover a sustentabilidade e renovar a sua fé na humanidade – afinal, diferente do que as notícias na TV e os comentários em portais nos mostram, a maioria das pessoas são boas, honestas e não querem roubar sua carteira ou o seu rim.
Na economia colaborativa, você pode alugar uma bike para passear, conseguir um vestido de uma grife chiquérrima para ir a um casamento, emprestar uma batedeira para fazer o bolo do seu aniversário e até arranjar alguém que fique com o seu cachorro enquanto você viaja. Nessa nova proposta, o acesso é mais importante que a posse (ora, já não é assim com os filmes no Netflix?) e todo mundo pode ser fornecedor e consumidor ao mesmo tempo, garantindo uma autonomia financeira maior e descentralizando o fluxo entre clientes e empresas – há quem diga que a economia colaborativa promove a “oficialização do bico”. Mas não é só a possibilidade de fazer uma graninha extra que chama a atenção nesse modelo de economia. No compartilhamento, o que faz a diferença é a experiência. E sabe o que a ciência diz sobre isso? Segundo um estudo, a compra de um objeto pode até nos deixar contentes por algum tempo, mas é das experiências que vivenciamos que vem a verdadeira felicidade. E aí temos um convite para repensar a cultura da posse e a percepção de objetos como status social. Afinal, como questiona Rachel Botsman, especialista em consumo colaborativo, você precisa de uma furadeira ou do furo?
Serviços de compartilhamento permitem consumir de forma mais inteligente e humana, gerando conexões e benefícios que a vida “na bolha” não permitiria. Além de evitar o gasto financeiro da compra de um produto e aproximar amigos e vizinhos, há os benefícios da sustentabilidade gerada pelo compartilhamento. A economia de compartilhamento é um processo inteligente, divertido, natural e necessário para um planeta que tem recursos finitos. Para a criação de novos bens, recursos naturais são extraídos de forma não renovável, gasta-se energia com transporte e produção, lixo é gerado e isso impacta socialmente trabalhadores que ganham cada vez menos para dar conta de uma demanda sempre crescente.
Fonte:
www.hypeness.com.br/2015/05/economia-colaborativa-como-o-senso-de-comunidade